Julho das Pretas, Mariana Nunes, Palestrante, Membro ForbesBLK , Campinas, Brasil

Quilombos Contemporâneos nas Periferias Brasileiras

Conversamos com a Mariana Nunes sobre a fascinante história dos quilombos e como as periferias brasileiras podem ser vistas como quilombos contemporâneos. Esses espaços são locais de resistência e reconstrução da vida comunitária, liderados por mulheres negras. Mariana Nunes nos lembrou que há comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas no Brasil, lutando por direitos básicos. ✊🏿 #ResistênciaNegra #CulturaQuilombola


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Intro 00:00:03  Pode entrar no Brasil Business Network com o Rei do Networking, Tom Reaoch.

Tom Reaoch 00:00:10  BBN Brasil Business Network, o podcast de negócios, Conectando Pessoas, Culturas e Mercados. Eu sou Tom Reaoch conversando do meu estúdio no Brasil e hoje participando da cidade de Campinas, conversamos com a Mariana Nunes, fundadora do Movimento Rosalina, liderança feminina periférica, facilitadora de impacto social da Aliança Empreendedora e membro de ForbesBLK Black. Mariana porque o mês de julho é preto. É de luta e de celebração?

 Mariana Nunes 00:00:48  Olá Tom, tudo bem? Obrigada por esse convite, pela oportunidade de falar um pouco sobre o Julho das Pretas. Bom, julho é preto porque a gente tem uma um uma mulher preta que a gente considera que a Tereza de Benguela, né? É que foi aí em 2000. A gente comemora nela a data de Tereza de Benguela, no dia 25 de julho. E falando um pouco de Tereza, ela foi uma líder quilombola do século XVIII que assumiu o comando do Quilombo Erê, localizado no atual estado do Mato Grosso, né? E após a morte do seu companheiro que ela assumiu essa liderança, então, sob a sua liderança, o quilombo resistiu à escravidão por décadas, reunindo negros, indígenas e outros grupos marginalizados que lutavam por liberdade.

 Mariana Nunes 00:01:41  Então, Tereza, ela organizava a defesa do território, estruturava a produção, liderava o povo de forma estratégica e política. Então era uma mulher negra à frente de um povo livre, em pleno regime escravocrata.

Tom Reaoch 00:01:54  Numa época que não tinha nem como comunicar.

 Mariana Nunes 00:01:56  Não tinha nem como comunicar. E a gente já tinha uma mulher que se comunicava por por essas ações, por essa liderança, aquela que ela fingia, né, em Mato Grosso.

Tom Reaoch 00:02:09  Mas isso também é um exemplo hoje. Hoje temos todas as formas de comunicação, internet, enfim. Mas o que faz grudar são as ações pessoais. Exatamente por isso que são lembrados. Eu acho que são as coisas pessoais.

 Mariana Nunes 00:02:25  Sim.

Tom Reaoch 00:02:26  Então, agora mais um pouco mais difícil de multiplicar. Mas o raiz da paixão, vamos dizer assim, da ambição, vem da pessoa.

 Mariana Nunes 00:02:35  E da pessoa.

Tom Reaoch 00:02:36  E eu vejo isso em você que você conhece você. Já não estou falando sério. Você já teve aqui, já te entrevistei, eu assisto, vejo o que você faz aqui no Nintendo, sempre postando, sempre animado, sempre divulgando.

Tom Reaoch 00:02:51  Então, essa parte, essa parte da comunicação hoje é um pouco mais fácil. No Instagram é tudo, mas se não tem ninguém que nem você e que você não teve no passado ninguém que nem Teresa não contasse. Então, essa celebração, qual é o par de celebração? Celebrando o que vai acontecer?

 Mariana Nunes 00:03:12  Então estamos celebrando também. A gente vai ter. Eu sou fundadora do Movimento Rosalina Movimento Rosalina, falando um pouco. A gente apoia, empodera mulheres negras, periféricas da comunidade. Eu sou uma mulher preta de comunidade, né, De periferia. Então, Rosalina, a gente apoia essas mulheres. A gente tem no nosso grupo, na nossa comunidade, na Rede Rosalina, mais de 160 mulheres que a gente apoia. E no sábado, a gente, no dia 25, a gente comemora, né? Dia de Tereza e ela, que é a comemoração, fecha com julho preto e dia 26 a gente tem a celebração, que é o julho das pretas, né? A feira cultural é que a gente comemora ali ações de empreendedoras, a gente, o afro empreendedorismo.

 Mariana Nunes 00:04:02  Então a gente comemora assim mulheres que estarão com seus artesanatos da área de alimentação. Teremos oficinas também da Aliança Empreendedora, porque trabalho na Aliança Empreendedora. Também sou assessora de empreendimentos. Hoje na Aliança aonde a gente trabalha, eu especificamente estou num projeto onde a gente apoia empreendedoras de base. Então teremos oficinas, teremos o dia todo de atividade e de celebração para essas mulheres. Será na Estação Cultura, Campinas das dez às vinte e dois horas.

Tom Reaoch 00:04:34  Aqui em Campinas, só para nós ouvintes e que também o Centro Cultura está se tornando um centro de cultura da multiplicação da cultura.

 Mariana Nunes 00:04:45  Sempre foi, sempre foi. E agora a gente está com esses, com esses eventos. A gente está tentando deixar cravado, frisado que esses eventos é de extrema importância, principalmente ali acontecendo na Estação Cultura, que é o centro histórico de Campinas também.

Tom Reaoch 00:05:04  E também para nossos ouvintes, a estação também é uma estação ferroviária antiga e é um marco cultural. É um museu e.

 Mariana Nunes 00:05:14  Um museu.

Tom Reaoch 00:05:15  E o próprio cidade de Campinas está resgatando sua cultura, seu passado.


 Mariana Nunes 00:05:20  Suas origens.

Tom Reaoch 00:05:22  As origens, suas origens e com todo o movimento olhando para o futuro. Os novos investimentos do Parte Ferrovia finalmente são exemplos. Precisamos preservar a cultura do passado, mas precisamos fazer a transição de tudo isso para o futuro.

 Mariana Nunes 00:05:41  Exatamente.

Tom Reaoch 00:05:42  Eu fico muito, conta. Então, lá realmente é uma festa essa celebração.

 Mariana Nunes 00:05:46  O dia todo de celebração, dez da manhã às vinte e dois horas.

Intro 00:05:50  Agora me conta um pouco.

Tom Reaoch 00:05:51  Eu sei que sua atuação como modelo, como pessoa, para as mulheres, é viver na periferia. Eu não posso dizer que eu sei como você sabe, mas a gente imagina o os desafios que tem primeiro para se organizar. Ainda mais os desafios para uma mulher se empreender, tá? Então, uma coisa é o processo de empreender, outro é o apoio psicológico de fazer. Como é que? Como é que você lida com tudo isso?

 Mariana Nunes 00:06:27  Como que eu lido muita terapia? Agora. E eu comecei. Com Fazendo terapia.

Tom Reaoch 00:06:45  Volto a falar.

 Mariana Nunes 00:06:48  Eu comecei como terapia porque meu celular tá tocando no fundo.

 Mariana Nunes 00:06:51  Você tá ouvindo?

Tom Reaoch 00:06:52  Tá, mas a vida é essa.

 Mariana Nunes 00:06:56  Então eu comecei. Na verdade, eu comecei a cuidar da minha mente. Esse ano tá bom, mas eu não tinha, nunca tive, nunca fui uma pessoa. Nós, mulheres negras, a gente não tem nem condições de pagar um apoio psicológico dizendo aí, né? Nosso apoio psicológico é ali trabalhar, conquistar nosso apoio psicológico e a gente cuidar dos nossos filhos, manter os nossos filhos para que eles não passem fome, né? Então a gente trabalhar ali o tempo todo para que isso não aconteça. Então é pela minha luta. Graças a Deus hoje eu consegui. Consigo pagar uma psicóloga, mas assim é muito difícil pelo fato da gente não ter recurso, por exemplo, para este evento acontecer. Eu tendo condições hoje de pagar um apoio psicológico para esse evento acontecer, foi muito difícil, foi muito difícil. A gente não tem apoio de prefeitura. Este evento a gente recebeu. A gente está recebendo ali uma emenda de uma vereadora, uma emenda de uma vereadora que é preta e que, sim, apoiou esporadicamente o nosso evento.

 Mariana Nunes 00:08:11  No ano passado, ela ajudou a gente no ano passado, o ano passado o evento foi na rua, né? A primeira edição. E aí esse evento, graças a Deus, com apoio, com essa emenda dessa vereadora preta que ela falou, não eu, eu eu apoio Rosalina. Eu gosto da história do Rosalina porque a história do Rosalina é a história da minha avó materna, né? É o nome. Levo a história ali da minha avó materna, então eu apoio o Rosalina. Então eu vou ajudar vocês com uma emenda para que esse evento aconteça e para que essa celebração aconteça. Então, através dessa vereadora que teve esse olhar, esse cuidado, né? Para que esse evento com distanciem, é muito difícil você ter um apoio ali, né? Muitas vezes a gente foi ali atrás do pessoal da cultura. Ai é legal, legal, mas é ilegal, mas tá apoiando, tá ajudando a gente.

Tom Reaoch 00:09:07  E é difícil, mas não é impossível, não é? Você pega o que você acabou de falar e leva isso de volta para a Tereza, lá em Mato Grosso, que nem rua tinha.

Tom Reaoch 00:09:19  Não tinha não. Ela tem um quilombo, então tinha um mato que começou a se expor, se falar. Então, esse caminho árduo que vocês estão fazendo, mas é um caminho que precisa ser feito agora, É um caminho que precisa agregar mais pessoas como você está fazendo muitos, que é o centro. O pessoal fica na torcida, vamos dizer assim, fica na arquibancada e só quer ver o jogo. Mas hoje em dia, o engajamento, isso é em todos os aspectos. O engajamento é mais necessário, o engajamento pessoal de sair da arquibancada e entrar em campo, Sim, Então é uma oportunidade que vocês vão fazer na Estação Cultura. É pôr as pessoas no jogo.


 Mariana Nunes 00:10:06  O que nós estamos fazendo é um quilombo. O que Teresa fez na época, no século XVIII, foi um quilombo. Quilombo, só para você entender, é uma forma de organização social e territorial criada por pessoas negras e geralmente por mulheres negras. Então é o Movimento Rosalina. Essa celebração do Giro das Pretas é uma forma de uma organização quilombola, entendeu?

Tom Reaoch 00:10:30  Me ajuda a entender o quilombo.

Tom Reaoch 00:10:32  Ele é um remanescente do que era a época fazendário no Brasil.

 Mariana Nunes 00:10:37  Sim, sim. O quilombo é. Eram espaços de resistência, liberdade e reconstrução da vida em comunidade, onde negros, indígenas e outros grupos marginalizados viviam de forma coletiva, autônoma e livre da opressão dos senhores de escravos. Ou seja, nós, nós, mulheres da comunidade, Vivemos no quilombo. Nós somos mulheres quilombolas.

Tom Reaoch 00:11:03  Nós criamos a realidade brasileira. É um quilombo.

 Mariana Nunes 00:11:06  É um quilombo. As periferias do Brasil são quilombo porque as periferias, as comunidades, elas se reúnem, elas se apoiam, entendeu? E o quilombo é isso, entendeu?

Tom Reaoch 00:11:20  Eu vejo isso também em pedaços, vamos dizer assim. Eu moro atualmente no Vinhedo, então vejo também aqui. Tem o apoio de mulheres empreendedoras. É um sábado de manhã, tem uma fera junto com cada um tentando a fazer, criando e empreendendo de forma possível, fazendo comida, bolo, artesanato, enfim, mas aprendendo. Aprendendo a empreender. Sim, aprendendo a se estruturar numa vida e muitas vezes, que é que passa por muito violência emocional e físico e repressão?

 Mariana Nunes 00:11:58  E aí, o que que a gente faz com esse quilombo? A gente falar de quilombo hoje é de resistência histórica, ancestralidade, liberdade, construção coletiva.

 Mariana Nunes 00:12:08  É uma herança viva do povo negro do Brasil, né? Então, a gente, através desse quilombo, que a gente se cuida, que a gente tem afeto, que a gente tem, né, Que a gente consegue ali fazer as nossas atividades, que a gente consegue empoderar outras, né? É isso. E eu me vejo muito interessada de Benguela. Eu me vejo muito por isso que eu gosto muito. E no vídeo que eu gravei eu falei um pouco da história. E eu me vejo muito como Teresa, porque a Regina.

Tom Reaoch 00:12:41  Referindo ao post que eu vi no link, né? Sim, realmente. Obviamente meus podcast são áudio, ninguém tá vendo, mas eu posso transmitir. Não é só nos podcast que eu vejo. Você é uma pessoa desde que te conheço eminentemente, uma pessoa com um sorriso. O tamanho do Brasil, Fui sempre alegre. Não sei não. Você não demonstra a parte que deve ser toda essa experiência que você passou. Isso é importante. É isso que você transmite. Então é isso que nós estamos tentando fazer aqui e levar para frente esse trabalho seu, o seu, do grupo.

Mariana Nunes 00:13:21  Do grupo.

Tom Reaoch 00:13:21  Engajar e promover e de comunicar para outros usando formas de comunicação hoje mais moderna. Então, esse podcast não é só para o Brasil ou para o mundo. As pessoas vão ouvir. Então não é só a celebração em Campinas. Então, como Brasil é um quilombo e tem quilombos em várias partes do mundo.

 Mariana Nunes 00:13:43  Enfim, temos quilombos e ainda hoje a gente tem quilombos, viu? A gente tem quilombos. Ainda existem comunidades quilombolas no Brasil reconhecidas ali pela Constituição. Elas são formadas por descendentes desses grupos que resistem à escravidão e seguem lutando pelo direito até então, à identidade cultural, acesso à educação, saúde e política pública. Além então, desse quilombo periférico que eu falo que são as nossas comunidades, a gente tem sim. Existem ainda comunidades quilombolas no Brasil, para que fique frisado assim para as pessoas e para as pessoas saberem.

Tom Reaoch 00:14:20  Então, só voltando do nosso início, celebramos o julho das Pretas. Um mês de luta, visibilidade e reconhecimento da força das mulheres negras, latino americanas e caribenhas, além das brasileiras.

Tom Reaoch 00:14:37  E isso.

 Mariana Nunes 00:14:38  É isso.

Tom Reaoch 00:14:39  Então quero realmente dizer de novo parabéns pelo seu esforço, pela sua alegria de fazer isso. Obrigada por levar para fazer e boa sorte para todo mundo Sábado E aí nós vamos voltar a um futuro que eu quero ouvir ou a sua impressão no depois.

 Mariana Nunes 00:14:57  Vou voltar porque eu vou te.

Tom Reaoch 00:14:58  Contar o que vai acontecer depois. que gente fala muito do passado e não tenho nada contra. Mas na próxima vamos falar para que esse vento fez. E como é que vocês estão levando isso para o futuro? E ficar falando antes do próximo julho? Pode ser assim?

 Mariana Nunes 00:15:15  Podemos, podemos e vou falar. E tenho certeza que vai ser lindo e que eu vou voltar com coisas boas para você, sem dúvida.

Tom Reaoch 00:15:22  Agora, para nossos ouvintes, como é que eles podem te achar.

 Mariana Nunes 00:15:27  Legal no meu LinkedIn? Mariana Nunes No meu Instagram sou Mariana Nunes e o Instagram do Rosalina Arroba Movimento Rosalina.

Tom Reaoch 00:15:38  Então está em todos os lugares, é só procurar e só tá bom. Muito obrigado então para participação.

 Mariana Nunes 00:15:46  Obrigada a todos. Obrigada mais uma vez pela oportunidade e você é uma das pessoas que fazem parte desse crescimento, tanto da minha pessoa no pessoal como do movimento. Rosalina, muito.

Tom Reaoch 00:15:57  Obrigada! Esperamos que nós agregamos mais pessoas nisto.

 Mariana Nunes 00:16:02  Se Deus quiser, iremos agregar.

Tom Reaoch 00:16:04  Então, para nossos ouvintes, Obrigado. Como falamos, você pode achar mais sobre Mariana Nunes e Mariana. Sobrenome N. O NS vai achar ela no LinkedIn. Você vai achar também essa ou aquela aliança empreendedora Ponto org br e o Instagram dela que é a Movimento Rosalina. Tá, muito obrigado pela participação! BBM Brasil e o aparecimento do Focus My Marketing Intelligence. Especialistas em pesquisa de mercado no setor agrícola. Mais informações no site FO USM e com. Obrigada pela audiência! Até o próximo encontro aqui do BB Brasil Business Network.

Intro 00:16:53  Obrigado por entrar no Brasil Business Network com o Rei do Networking, Tom Reaoch.